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Sinto cheiro de chuva no ar e antes que sinta ela escorrer por meu rosto, tento me abrigar sob marquises imaginarias.
Confundo o cinza do céu com alguns pensamentos que cismam em me perturbar...talvez seja eu que os perturbe quando, avistando o “deja vu” que se aproxima, prefiro cala-los ao invés de tentar decifrar o código que há tempos me mandam.
“- Quando não se sabe bem o que fazer o melhor é parar e olhar tudo a sua volta como se expectador fosse”. Não lhes disse que meus pensamentos falam e dessa vez não precisaria nem de tradução.
A cena era clara, límpida e transparente: tentar distorce-la seria ignorar mais um aviso e continuar a andar em círculos.
Pois bem, respiro fundo, na tentativa de acalmar meu coração descompassado, acerto os passos e olho para frente. Eis que então me deparo com o que a meses evitava, o que Machado, ao se referir a Capitu, sabiamente definiu como “aqueles olhos de ressaca”.
- Quanto tempo(engraçado como nessas horas a gente sempre fala coisas idiotas)
- É, tudo bem com você?
- Bem...
- Ah, a gente se vê então...
-É...
Com tanta coisa pra dizer, depois de tanto tempo sem ver e o que eu consigo é travar esse dialogo monossilábico?Idiota...
Por que não o convidei pra tomar um café?Ou um cinema, afinal somos amigos...
Mas por que somos amigos? Por que somos só amigos?
Em meio a esse mundo de interrogações que me afligem aparecem flashes, clicks e pensamentos que transformam curvas em retas, pontos em virgulas, interrogações e exclamações:
-Por quê? É por que tem coisas que são, simplesmente são, e em relação a elas não há nada a se fazer...
Nessa hora os olhos marejam e o nariz coça. Fujo então das calçadas e me pego caminhando lentamente pelas ruas, afinal dizem por aí que depois da chuva aos sonhadores, é sempre possível avistar o arco íris...