Meu jardim de girassóis

11:34 Edit This 2 Comments »



São 13:45h, o sinal ainda nao fechou e a multidao corre em disparada. Olho para os lados vejo um rosto amigo, talvez que nem me conheça mais, que se infiltra no corredor humano que tenta chegar ao outro lado da avenida. Grito pelo nome mas a buzina dos carros ou o som dos pensamentos que lhe atormentam, tapa seus ouvidos e ele nao me escuta. Marionetes humanas se cruzam sem se olhar, manipuladas pelo tempo que nos suga o inesperado, o surpreendente.
O corre-corre do dia-a-dia, o vinco na testa franzida, o bom dia sem resposta...tudo isso nos encouraça com a cinzenta poeira do "desapego".
Nos mantemos inertes, congelados, impassíveis diante do simplório, do bonito, do tocável. Não nos damos a chance e nem contemplamos o outro com a oportunidade da troca, do toque.
Olhar nos olhos, lançar sorrisos, fazer confidencias, tudo isso nos torna vulneraveis, e é claro humanos que somos nao podemos nos dar ao luxo de "depender" dessas singelezas.
Conversando dia desses com um novo amigo sobre deixar de falar que algo foi bom, foi agradavel por temer parecer exagerado, lhe disse o seguinte: deixemos a discriçao e a ausencia de emoções para os europeus, a nós latinos foi deixado o legado dos pensamentos melodramaticos e das ações exageradas...
Mas nem sempre somos bem recebidos quando nos abrimos, quando nos mostramos transparentes. Diante dessa interrogação, o mais racional preferiria fechar-se numa bolha, ao passo que plantar um jardim de girassóis seria a opção dos sonhadores.
Não importa se as relações sao exageradas, comedidas, o que importa é que elas sejam intensas...
Olho novamente para o sinal, que pisca freneticamente me avisando que tenho poucos segundo para seguir rumo ao outro lado da avenida, resolvo dar meia volta indo na contramao da multidao para seguir outro caminho...respiro fundo, sigo adiante, afinal tenho ainda muitas sementes para plantar.